sábado, 1 de janeiro de 2011

GOVERNO WILSON: entre a efetividade da gestão e os interesses políticos privados


Analisando os discursos do governador e a dinâmica da realidade é possível identificar uma encruzilhada nada fácil de administrar, ou seja, um conflito entre o desejo do governador em fazer uma gestão efetiva do ponto de vista do aprofundamento das transformações sociais e econômicas e uma classe política (sociedade também) desprovida de partidos políticos consistentes.

A compatibilização entre o critério técnico e político na ocupação dos cargos reflete esse conflito. Os interesses políticos privados passam a constituir mais peso revelada na fragilidade do coletivo partidário e no descontentamento dentro das agremiações. O mandato, apesar de ser do partido, é resultante de uma eleição pessoal.

Com efeito, é comum expressões do tipo: “Helio Isaías (vice-presidente do PTB) sic não me representa nas negociações”. No caso do PDT, a perspectiva é agradar os aliados de primeiro momento e os dissidentes que retornaram a ser aliados. O PT sai de cena como agremiação hegemônica implicando também numa difícil equação em manter-se no poder como antes. Daí o teatro do descontentamento que poderá diminuir, mas não vai acabar, pois é impossível manter todos os protagonistas no mesmo palco. A conquista da prefeitura de Teresina é a esperança daqueles que vêem atualmente a estrela brilhar menos.

Quanto ao PMDB, isso é comum, infelizmente na política nacional, dos governantes precisarem da agremiação para governabilidade. Isso significa negociar com a direção ou com alguma comissão aprovada pela mesma, mas também negociar pessoalmente com todos os detentores de mandato promovendo um custo político e até econômico sem precedentes ao Estado brasileiro e a uma gestão austera e de resultados. Fica difícil com ou sem o PMDB. Com ele representa um governo menos técnico, menos político e muito mais politiqueiro. Sem ele, talvez o governador, não governe pois passaria a condição de oposição.

Pelo menos o partido do governador (PSB), parece até o momento não apresentar publicamente problemas de descontentamentos quanto a organização dessa nova gestão. Isso é explicável e contraditoriamente revela a fragilidade do próprio partido, pois a agremiação nesses últimos quatros anos foi forjada pessoalmente de forma habilidosa diante da perspectiva que hoje se torna realidade: a conquista do poder pelo vice-governador e presidente da sigla no Piauí. Ressalta-se a necessidade de lembrar do trabalho incansável de Wilson desde o primeiro momento de sua posse como vice-governador. Agora, para viabilizar-se como um nome de peso o cargo foi importante, mas não suficiente. Ele conseguiu articular uma rede de aliados em vários municípios e filiá-los ao PSB, transformando a agremiação, na segunda com maior número de prefeitos, superando o PT, partido do governador com mais consistência partidária, ou melhor dizendo de tendências partidárias, hoje diluídas em figuras, e o PMDB com forte inserção no interior do estado, mas com lideres dispersos sem interesses em projetos comuns. Nesse sentido, o PSB no Piauí ao ser reflexo da virtuosidade política de Wilson, o governador, não será problema para atual gestão.

Portanto, o custo seria bem menor, mais democrático e transparente para o atual gestor e a sociedade se as negociações fossem partidárias. Mas como nossa fragilidade partidária impede esse fato, a lamentação recente de Wilson em afirmar a urgência de uma reforma política traduz uma plena consciência vivenciada nesse processo de formação do governo. Mas também implica o desafio de compatibilizar o técnico com a constrangedora cultura "política-privada" e, não essencialmente partidária existente. Isso pode ser notado no processo difícil de conciliar interesses para formar o atual quadro gestor. Entretanto, analisando o discurso de posse do governador, podemos evidenciar que a despeito da continuidade do perfil de lideres pessoais e até tradicionais da política piauiense, salvo algumas exceções, Wilson deve imprimir um governo com controle de gestão pois destacou bastante que não importa o cenário, e talvez, nem os atores, o destino do Piauí será protagonizado por ele. Nesse sentido, retornamos ao desejo de Wilson, se ele diz que o caratér de sua gestão é fazer muito com pouco, implicando em resultados favoráveis ao desenvolvimento do Piauí, ele coordenará esse esforço, como coordenou sua pré-campanha e campanha, de forma incansável, centralizadora e motivadora.


2 comentários:

  1. A governabilidade, realmente, se torna muito difícil quando a coalisão partidária é formada por agremiações com interesses díspares. Será necessário ao governador a capacidade de controlar as bases divergentes para garantir o bom andamento da máquina pública.

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  2. AGORA SIM, TEM-SE O MODELO PILOTO NO ESTADO, GARANTIR QUE A MAQUINA FUNCIONE MAIS TECNICAMENTE QUE POLITITICAMENTE, E DAR FUNCIONABILIDAE NA MAQUINA DIANTE DOS MAUS ACOSTUMADOS, ESSA É UMA IDEOLOGIA CORAJOSA E FIRME DIANTE DAS PRATICAS COSTUMEIRAS APLICADAS NA NOSSA POLITICA.

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